Todos os anos, milhares de portugueses aguardam com expectativa pelo reembolso do IRS. Para muitos, é uma ajuda preciosa para pagar contas, fazer face a despesas inesperadas ou até planear umas férias. No entanto, em 2025, prepare-se: o reembolso de IRS será, muito provavelmente, mais baixo do que aquele que recebeu em 2024.
Mas afinal, o que mudou? E, mais importante ainda, como pode adaptar-se para evitar surpresas desagradáveis? Neste artigo, explicamos tudo de forma simples, com dicas práticas e exemplos reais. Porque, quando o assunto é dinheiro, a informação certa pode fazer toda a diferença.
Porque é que o reembolso vai ser mais baixo este ano?
Vamos direto ao ponto. Durante o ano passado, o Estado ajustou as tabelas de retenção na fonte. Estes ajustes foram feitos com um objetivo claro: aproximar o valor que lhe é retirado todos os meses daquele que realmente tem de pagar em impostos.
Ou seja, em vez de lhe descontarem “a mais” todos os meses (e devolverem depois), agora o valor retido está mais próximo da realidade. Por isso mesmo, há menos para devolver quando chega a hora de fazer as contas.
Assim sendo, se notou que em 2024 recebeu um bom reembolso, é natural que em 2025 a diferença não seja tão grande — ou que, nalguns casos, até tenha de pagar.
Mas afinal, o que é a retenção na fonte?
A retenção na fonte é como um adiantamento. Todos os meses, uma parte do seu salário é entregue diretamente ao Estado, como uma espécie de “prestações” do IRS.
No entanto, só quando entrega a declaração anual é que o valor final do imposto é calculado. Portanto:
- Se adiantou mais do que devia, recebe reembolso.
- Se adiantou menos, ainda tem de pagar.
É exatamente aqui que os novos ajustes entram em cena: como agora está a adiantar mais precisamente o que deve, há menos margem para devoluções.
Um exemplo prático para perceber melhor
Imagine o seguinte cenário:
- Salário bruto: 1.500€
- Retenção mensal antiga: 300€
- Retenção mensal com novo modelo: 260€
No fim do ano, com o modelo antigo, teria pago 3.600€ em IRS. Com o novo modelo, paga 3.120€.
Se afinal o IRS apurado for de 3.100€, antes recebia 500€ de reembolso. Agora? Apenas 20€.
Deste modo, embora ganhe mais liquidez ao longo do ano, o “bónus” do reembolso no ano seguinte será muito mais pequeno.
Porque é que isto afeta tantas pessoas?
Simples. Durante anos, os reembolsos tornaram-se uma expectativa. Muitos portugueses fazem planos com base nesse dinheiro extra. Uns contam com ele para pagar o seguro do carro, outros para abater no crédito habitação. E há quem dependa dele para equilibrar o orçamento.
A questão é que este dinheiro nunca foi “extra”. Era seu — apenas estava a ser devolvido porque lhe foi retirado a mais.
Agora, com os descontos mais ajustados, o Estado devolve menos. É justo, sim. Mas também obriga a uma mudança de mentalidade e de hábitos.
Como preparar-se (desde já) para um reembolso mais baixo
Se não quer ser apanhado desprevenido, o segredo está na preparação. Eis algumas dicas práticas:
1. Não conte com o reembolso como “rendimento fixo”
Pode parecer óbvio, mas muita gente já inclui o reembolso nas suas contas anuais. Evite isso. Use-o como bónus, não como base.
2. Faça uma simulação realista do IRS
Use o simulador da Autoridade Tributária ou plataformas independentes. Assim, consegue estimar o que terá de pagar (ou receber) e evitar surpresas.
3. Reveja as suas deduções à coleta
Despesas de saúde, educação, lares, rendas… tudo conta. Desde que tenha faturas com NIF, pode aumentar o seu reembolso — ou reduzir o valor a pagar.
4. Poupe com antecedência
Mesmo que espere um reembolso baixo, pode criar um “fundo IRS”. Guarde mensalmente uma pequena quantia. Quando chegar a altura de pagar (ou não receber tanto), já tem uma almofada.
E se tiver de pagar IRS em vez de receber?
Ninguém gosta de surpresas desagradáveis. Mas, com as novas regras, pode acontecer que tenha de pagar IRS em 2025.
No entanto, há soluções:
- Pedir pagamento em prestações: Pode dividir o valor até 12 vezes, sem juros nos primeiros meses.
- Contactar a Autoridade Tributária cedo: Não espere pela última hora. Se antecipar o problema, há mais abertura para negociar.
- Rever retenções futuras: Se quiser evitar que isto se repita, pode pedir ao seu empregador para aplicar uma taxa de retenção mais alta.
IRS em 2025: o que mais vai mudar?
Além do reembolso mais baixo, há outras alterações a ter em conta:
- A dedução específica aumentou ligeiramente — o que reduz o rendimento coletável.
- O mínimo de existência subiu, protegendo quem tem salários mais baixos.
- Novas regras para dependentes e para quem tem pensões ou rendimentos prediais.
Deste modo, mesmo que o cenário pareça desfavorável, há pontos positivos que podem compensar a diferença.
Transforme esta mudança numa vantagem
Sim, o reembolso vai ser mais baixo. Mas isso também significa que recebeu mais dinheiro ao longo do ano.
Agora, o desafio é aprender a gerir esse dinheiro de forma mais inteligente, sem contar com “milagres fiscais”.
Pode, por exemplo:
- Criar um plano de poupança mensal
- Reforçar o seu fundo de emergência
- Amortizar créditos
- Investir em formação ou bem-estar
Assim sendo, transforma um cenário menos favorável numa oportunidade real de crescimento financeiro.
Menos reembolso, mais controlo
O IRS de 2025 marca uma viragem. A forma como lidamos com os impostos está a mudar. E, mais do que nunca, é fundamental estarmos informados, conscientes e preparados.
Por isso, não veja este reembolso mais baixo como uma perda. Veja-o como um sinal de que está a pagar o justo — nem mais, nem menos. E, com as estratégias certas, pode até sair a ganhar.
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