Já lhe aconteceu estar a ver uma proposta de crédito e sentir que está a ler outro idioma?
TAEG, TAN, MTIC… Três siglas que aparecem em quase todos os contratos, mas que raramente vêm acompanhadas de uma explicação clara e direta.

Neste artigo da nossa rubrica Finanças Sem Complicações, vamos desvendar o significado de cada uma destas siglas. Mais do que isso, vai perceber como elas podem influenciar diretamente a sua carteira — e, sobretudo, o seu futuro financeiro.

A partir de agora, vai tomar decisões mais informadas, com mais confiança e menos surpresas.

Porque Deve Entender Estas Siglas Agora (e Não Mais Tarde)

Antes de assinarmos qualquer contrato de crédito, é normal que olhemos apenas para o valor da prestação mensal.
Contudo, essa prestação nem sempre conta a história toda. Muitas vezes, parece acessível, mas os custos escondidos tornam o crédito bem mais caro do que se imagina.

É precisamente aqui que entram em cena a TAEG, a TAN e o MTIC. Estas siglas estão sempre presentes em propostas de crédito e, ao compreendê-las bem, você vai conseguir:

  • Comparar diferentes ofertas com maior clareza;

  • Evitar custos desnecessários e escolhas menos vantajosas;

  • Escolher o crédito mais adequado à sua realidade financeira.

1. TAN – Taxa Anual Nominal

Vamos começar pelo conceito mais simples.

A TAN é a taxa de juro “pura”. Ou seja, representa apenas os juros que você vai pagar ao banco pelo dinheiro emprestado.

No entanto, é importante referir que a TAN não inclui comissões, seguros ou quaisquer outros encargos associados ao crédito.

Exemplo prático:
Se pedir um crédito pessoal de 10.000€, com uma TAN de 5%, pagará 500€ por ano apenas em juros.
Todavia, isto não reflete o custo total do crédito — longe disso.

Portanto, é essencial não se ficar por aqui. Precisamos de ir mais além e olhar para a TAEG.

2. TAEG – Taxa Anual de Encargos Efetiva Global

A TAEG é, sem dúvida, a sigla mais importante de todas. É ela que representa o custo real do crédito.

Isto porque a TAEG inclui:

  • Juros (ou seja, a TAN);

  • Comissões de abertura e de manutenção;

  • Seguros obrigatórios exigidos pelo banco;

  • Impostos;

  • Outros encargos administrativos.

Desta forma, a TAEG apresenta o custo total anual do crédito em percentagem. Por isso, quanto mais baixa for a TAEG, mais barato será o crédito no final.

Além disso, é obrigatório que qualquer entidade financeira apresente esta taxa em toda a sua comunicação.

Dica prática:
Nunca tome decisões apenas com base na prestação mensal. Compare sempre a TAEG entre propostas. É a forma mais justa e transparente de perceber qual é o crédito mais vantajoso.

3. MTIC – Montante Total Imputado ao Consumidor

O nome pode parecer complicado, mas o conceito é bastante direto.

O MTIC é o valor total que você vai pagar durante todo o contrato de crédito, incluindo:

  • O montante emprestado;

  • Os juros (TAN);

  • Todos os custos associados (comissões, seguros, etc.).

Ou seja, é o número final — a quantia total que sairá da sua conta bancária até ao último pagamento do crédito.

Exemplo prático:
Se pedir um crédito de 10.000€, e o MTIC for de 12.700€, isso significa que, no final, pagará 2.700€ em juros e custos adicionais.

Assim, comparar o MTIC entre diferentes propostas pode ajudá-lo a perceber qual delas tem menor impacto no seu orçamento.

Como Usar Estas Siglas na Prática

Agora que já compreende o significado destas três siglas, está na altura de saber como aplicá-las no dia a dia.

Aqui tem 4 passos simples e práticos para tomar decisões mais informadas:

1. Defina o seu objetivo com clareza

Antes de pedir crédito, questione-se: é mesmo necessário? Tenho capacidade para pagar mensalmente sem comprometer outras despesas importantes?

Refletir antes de agir pode evitar muitos problemas no futuro.

2. Compare várias propostas de diferentes instituições

Idealmente, deve comparar pelo menos três propostas de bancos ou entidades diferentes.
E, acima de tudo, deve analisar com atenção a TAEG e o MTIC, e não apenas a prestação mensal.

3. Esclareça todas as dúvidas com o banco

Nunca assine um contrato sem perceber todas as condições.
Pergunte, questione e, se necessário, peça que lhe expliquem a diferença entre TAN, TAEG e MTIC.

Bons profissionais estão disponíveis para ajudar e tornar o processo mais claro.

4. Utilize simuladores online

Hoje em dia, muitos sites oferecem simuladores gratuitos.
Além disso, disponibilizamos um simulador de crédito pessoal que pode ser muito útil para comparar várias opções rapidamente.

Porque a TAEG é a Sua Melhor Aliada

A existência da TAEG serve para proteger o consumidor.
Na verdade, esta taxa existe para que todos os custos do crédito estejam refletidos num único número, facilitando a comparação entre diferentes propostas.

Se apenas considerar a TAN, corre o risco de aceitar um crédito aparentemente barato, mas que, no final, sai muito mais caro.

Assim, lembre-se sempre: TAEG mais baixa = crédito mais acessível.

Erros Comuns Que Deve Evitar

Mesmo com toda esta informação, é fácil cair em armadilhas.
Veja alguns dos erros mais frequentes:

  • Confundir TAN com TAEG: A TAN mostra apenas os juros. A TAEG mostra tudo.

  • Escolher com base na prestação mensal: A mensalidade pode parecer baixa, mas o MTIC pode ser altíssimo.

  • Ignorar o MTIC: Esse número pode assustar, mas é o mais transparente de todos.

Evitar estes erros pode fazer uma enorme diferença no seu bolso.

Dica Extra: Peça Ajuda Se Tiver Dúvidas

Se continuar com dúvidas, não hesite em procurar ajuda especializada. Pode consultar:

  • Um consultor financeiro independente;

  • A DECO ou outra entidade de apoio ao consumidor;

  • O seu gestor de conta (mas com espírito crítico e comparando informações).

Nunca é tarde para tomar uma decisão mais informada.

Informação é Liberdade Financeira

Agora que já sabe o que significam a TAEG, a TAN e o MTIC, tem em mãos ferramentas fundamentais para fazer melhores escolhas.

Entender finanças não tem de ser difícil.
Com informação clara e prática, você ganha autonomia, segurança e evita cair em propostas pouco transparentes.

Portanto, da próxima vez que analisar um crédito, olhe com atenção para estas três siglas. Elas vão guiá-lo para decisões mais inteligentes e, sobretudo, mais equilibradas.

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